quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O Cão de Caça do Céu

Em Jo. 3,16, texto repetido e decorado por milhares de cristãos no mundo, fala-se do amor de Deus...
Amor tão profundo e tão inimaginável a ponto de entregar O Seu Unigênito, O Seu Melhor...
Aquele que estava antes de tudo, Aquele que participou ativamente da beleza inominável da criação, Aquele que deu ao homem fôlego de vida, faz-se um de nós...



Francis Thompson em seu poema "O cão de caça do céu" tenta expressar essa busca de um Deus reconciliador, redentor, "à caça" de um homem rebelde, envolto em seus desejos, mas, que finalmente, se entrega ao amor de Cristo:

Dele fugi, noites e dias adentro;
Dele fugi, pelos arcos dos anos;
Dele fugi, pelos caminhos dos labirintos
De minha própria mente; e no meio de lágrimas
Dele me ocultei, e sob riso incessante.
Por sobre esperanças panorâmicas corri;
E lancei-me, precipitado,
Para baixo de titânicas trevas de temores abissais,
Para longe daqueles fortes Pés que seguiam, seguiam
após mim.
Mas com desapressada perseguição,
E com inabalável ritmo,
Deliberada velocidade, majestosa urgência,
Eles marcavam os passos — e uma Voz insistia
Mais urgente que os Pés —
“Todas as coisas traem a ti, que traíste a Mim”.

[...]

Meu Deus, tu não sabes
O quão pouco digno de qualquer amor tu és!
A quem encontrarás que te ame, ignóbil,
Salva-me, salva só a mim?

[...]

Tudo o que tirei de ti, obstante tirei,
Não por tuas injúrias,
Mas para que tão-somente pudesses buscá-lo em Meus
braços...
Levanta-te, segura a Minha mão, e vem!

[...]

A base do cristianismo é linda, pois é Deus buscando o homem, Deus se revelando ao homem com todo o Seu amor, zelo, misericórdia, graça...


Se amamos a Cristo, é porque ele nos amou primeiro (1 Jo 4.19)


Franci

sábado, 18 de setembro de 2010

Eu olhei o meu dia

Palavrantiga

Composição: Marcos Oliveira de Almeida

Eu olhei o meu dia, percebi
Que Tu és melhor que uma canção de amor
Muito mais do que eu canto
Sob os cantos do mundo
Um minuto contigo é melhor do que tudo

É por isso que estar a ouvir Tuas palavras
É olhar pra minha alma e saber que em Ti sou feliz

Me esconda em Ti
Eu preciso andar no Teu Caminho
Teu amor sobre mim
Muda os meus passos, ilumina meu rosto

Eu olhei o meu dia, percebi
Que Tu és melhor que uma canção de amor
Toda arte que eu faço
Todo som entoado
Não é mais que uma grande vontade de Te conhecer

Meu amor, sei que és o meu Deus e mistério
E o Teu filho Jesus é na Cruz caminho de paz

Me esconda em Ti
Meu Deus, eu preciso andar no Teu Caminho
Teu amor sobre mim
Muda os meus passos, ilumina meu rosto

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

HB - Metal Sinfônico

A finlandesa HB é uma banda de metal sinfônico formada em 2002, na cidade de Forssa. O estilo do grupo refere-se a uma vertente do heavy metal que agrega elementos da sinfonia clássica (orquestra), simulados com o uso de teclados e sintetizadores eletrônicos, e que é marcado pela presença de vocais líricos, bem característicos da música erudita. O primeiro trabalho oficial saiu em 2003 com “Uskon Puolesta”. Antes disso, porém, o EP demo “HB”, de 2002, já lançava o nome da banda e apresentava sua proposta musical. Um novo álbum só surgiu em 2006: “Enne”, trabalho que de fato identifica a banda com seu estilo, já que “Uskon Puolesta” não marca em quase nada a singularidade do symphonic metal. O terceiro álbum, “Frozen Inside”, de 2008, é uma versão em inglês de “Enne”. Como o finlandês não é um idioma muito simpático e prático aos estrangeiros, a idéia da regravação gerou mais visibilidade ao grupo e atraiu novos fãs. No final de 2008, a banda lançou o álbum de inéditas “Piikki Lihassa”, anunciado como o melhor dentre todos até agora.
Além do som inovador e atraente do HB, o que também chama a atenção é a letra bastante incisiva e direta acerca do Evangelho nas composições. Isso está bem marcado no clip da música “It Is Time”, do álbum “Frozen Inside”:


http://www.youtube.com/watch?v=5yscedGVSY4&feature=player_embedded

Fonte: Blog Amplificador

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Frutos

Por C. H. Spurgeon


Texto base: Oséias 14.8


Nosso fruto procede de nossa união com Deus. O fruto do galho tem sua origem diretamente vinculada à raiz. Quando cortamos a ligação do galho, este morre e não produz nenhum fruto. Pela virtude de nossa união com Cristo, produzimos fruto. Todo cacho de uvas esteve primeiramente na raiz. Passou pelo tronco, seguiu pelos vasos de seiva, moldando-se exteriormente em um fruto. De modo semelhante, toda boa obra do crente estava primeiramente em Cristo e, posteriormente, foi produzida em nós.



FONTE: Orthodoxia
Extraído do livro Leituras Diárias, Vol. 2, Editora Fiel

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Jesus é a Porta

Letra de Toney Fontes


Deus criou o homem
À Sua imagem e o abençou.
Tem um plano para ele.

O homem pecou
E pelo pecado a morte entrou no mundo
Ele se afastou de Deus!
Não ouviu, ó Deus, Tua voz!
Terra, ó Terra!
Há quanto tempo Deus vem te chamando!...

Jesus veio ao mundo,
O homem não quis,
Amou mais as trevas do que a luz!
Jesus é o caminho para o homem seguir!
Verdade e Vida só há em Jesus!

Jesus é a porta que nos leva a Deus!
Ele é a porta que nos leva a Deus!
Jesus é a porta!

quarta-feira, 9 de junho de 2010

O cristianismo por trás de Nárnia - Alegorias, mitos e a bíblia

Por Jessica Grant, do Fala Nárnia


Aslam significa leão. É um personagem que morre pelos outros e depois volta a viver. É filho do Imperador do Além Mar. Mudando de história, os judeus tinham uma promessa de um messias, o rei deles, filho de Deus, que viria a terra para salvá-los e morrer por eles. Chamavam-no de Leão de Judá. Para os cristãos, este é Cristo, que morreu e ressuscitou. Simples coincidências? Ecos da fé do escritor das Crônicas de Nárnia, C. S. Lewis? Ou algo a mais?

As Crônicas de Nárnia são sete livros que C.S.Lewis escreveu nas décadas de 40 e 50. Sete, por sinal, é um número recorrente na história judaico-cristã, considerado o “número da perfeição” dentro da simbologia religiosa. Há leitores que insistem na ideia de que Nárnia é só mais uma história, só mais um livro dentro da literatura imaginária infantil. Mas são tantas as comparações com o cristianismo, que fica difícil achar que realmente não há semelhanças. Lewis, ele mesmo, já tinha sido ateu, mas tornou-se um cristão e escritor de diversos clássicos da teologia britânica do século XX, como Cristianismo Puro e Simples, Cartas do Diabo a seu Aprendiz e O Peso da Glória. Nada mais coerente do que transpor alguns dos seus conhecimentos – e, muitas vezes, teorias complexas – em sua literatura infantil. Da mesma forma, Lewis escreveu alguns livros mais adultos, entre estes a Trilogia de Ransom.

Nárnia, portanto, seriam histórias repletas de pequenas lições, alegorias das histórias bíblicas e apresentações de teorias de Lewis. Há quem diga que Nárnia pode ser até real, mas isso não há como discutir. Quando Lewis decidiu escrever os livros, provavelmente queria passar ensinamentos para as crianças, talvez dar uma chance delas conhecerem tudo aquilo que perderam junto com seus pais na II Guerra Mundial. Professor que era, apaixonado pela mitologia e ainda abrigando quatro crianças, nada mais normal da parte do escritor.

Para compreender o caráter alegórico, é preciso entender o significado desta figura de linguagem. Se a ‘metáfora’ é quando a identidade de algo é firmado com um atributo que tem em comum com outro elemento, ambos retirados da realidade e quase sempre usado de forma curta na literatura, este termo não basta para Nárnia. Já a ‘alegoria’, muitas vezes usada na retórica, é a “representação concreta de uma ideia abstrata”, muitas vezes mítica, expressa na fabulação (A Alegoria, Flávio R. Kothe). Nárnia é exatamente isto, a fábula composta para representar uma ideia; elementos concretos, nem sempre retirados da realidade, usados para significados abstratos.

Como o livre-docente em Crítica Literária e Literatura Comparada Flávio R. Kothe exemplifica, São Jorge e o dragão é uma história alegórica do bem e do mal. Nárnia, portanto, é uma alegoria do cristianismo, com a licença poética de Lewis. Kothe também lembra que há várias leituras possíveis das alegorias, nunca uma só interpretação, mas é necessário interpretar via exegese, ou seja, levando em conta o contexto histórico. Nárnia, por sua vez, sempre é melhor compreendida se estudarmos quando foram escritas e os outros escritos de Lewis.

O passado de Lewis, também, ajuda na compreensão de Nárnia. O caráter alegórico não é somente uma licença poética, uma figura de linguagem na literatura infantil cristã. Para Lewis tinha um significado mais especial na história de sua conversão ao cristianismo. Ateu convicto, Lewis, como ele mesmo contou em Surpreendido pela Alegria, um dia passou a acreditar em Deus. Mas era um mero teísmo, ele não estava convencido de que o cristianismo era real.

David Downing, em sua obra C.S.Lewis: o mais relutante dos convertidos, conta como no dia 1º de outubro de 1931 Lewis escreveu para seu amigo Arthur que não cria somente mais em Deus, mas em Cristo. O ponto da conversão ao cristianismo de fato teria sido uma conversa com o acadêmico Hugo Dyson e o escritor J.R.R. Tolkien (sim, o pai de O Senhor dos Anéis era amigo íntimo de Lewis, e estes três participaram de um mesmo grupo de discussões literárias). O aspecto final que faltava para Lewis se tornar um cristão era justamente ligado com a interpretação dele das mitologias, o que pode explicar o fato dele ter criado mais uma mitologia para dar eco ao cristianismo.

“(…) Os três haviam começando a falar sobre metáfora e mito logo após o jantar, continuando a conversa enquanto caminhavam ao longo do Addison’s Walk perto do alojamento de Jack no Magdalen College e só foram dormir às quatro da manhã. Essa conversa pode muito bem ser considerada o momento decisivo na vida de Jack [apelido de C.S.Lewis], pois o ajudou a resolver questões com que ele se vinha debatendo desde a infância. De modo específico, proporcionou-lhe um modo de entender a encarnação como o cumprimento histórico dos mitos do Deus-que-morre encontrados em muitas culturas. Tolkien e Dyson, que compartilhavam a reverência de Lewis pelo mito, pelo romance e pelos contos de fadas, mostraram-lhe que a mitologia revela sua própria espécie de verdade e o cristianismo é mitologia verdadeira. Lewis insistira que os mitos não passavam de ‘mentiras proferidas por meio de prata’, mas eles responderam que o mito era mais bem explicado como ‘um vislumbre real, embora desfocado, da verdade divina incidindo sobre a imaginação humana’. Argumentavam que um dos grandes mitos universais, o do Deus-que-morre em sacrifício pelo povo, mostra uma consciência inata da necessidade de redenção não por meio das obras pessoais, mas como dom proveniente de alguma esfera superior. Para eles, a encarnação [de Deus em Cristo] era o ponto principal em que o mito se tornava História. A vida, a morte e a ressurreição de Cristo não só concretizavam tipos do Antigo Testamento, mas também corporificavam – literalmente – motivos centrais encontrados em todas as mitologias do mundo. (…) Para Lewis, o cristianismo passaria a ser, dali por diante, a principal fonte de todos os mitos e histórias de encantamento, a chave de todas as mitologias, o mito que desabrocha em história.”

Comparações montadas, alegoria do cristianismo. Lewis compôs em Nárnia mais um mito de Cristo e a história de seu povo, provavelmente buscando com isso atingir as crianças, ganhar uma porta na história delas para Cristo, que tanto fez diferença na vida dele. A série “O Cristianismo por trás das Crônicas” busca desvendar diversos destes traços cristãos nas obras narnianas, características que já guiaram o caminho de muita gente e ilumina os olhos de outros. Convido vocês para abrir a porta do armário e conhecer Nárnia pelas suas influências.

Fonte: site Mundo Nárnia

sábado, 29 de maio de 2010

Preparando meu coração para aquele dia

George Müller


Aprouve ao Senhor ensinar-me uma verdade, que tem beneficiado a minha vida por mais de catorze anos. É o seguinte: percebi, muito mais claramente do que antes, que o assunto mais importante e mais urgente com que tenho de me ocupar a cada dia é conservar a minha alma muito feliz no Senhor. A primeira coisa com que devo me preocupar não é tanto o quanto eu posso servir ao Senhor, mas o quanto eu posso colocar a minha alma num estado de felicidade no Senhor e alimentar o meu homem interior.

Eu poderia procurar servir ao Senhor pregando a verdade aos incrédulos; poderia procurar beneficiar os crentes; poderia cuidar de aliviar os oprimidos. Poderia ainda procurar proceder de tal maneira a me comportar como um filho de Deus neste mundo, e contudo, por não estar feliz no Senhor e não ser alimentado e nutrido no meu homem interior dia a dia, tudo isto poderia não ser praticado corretamente, ou no espírito certo.

Até então a minha prática tinha sido, por pelo menos dez anos antes disso, de habitualmente me entregar à oração logo depois de me vestir de manhã cedo. Agora eu vejo que a coisa mais importante que eu deveria fazer era me entregar à leitura da Palavra de Deus, e nela meditar, de tal maneira que o meu coração pudesse ser confortado, encorajado, aquecido, reprovado, instruído. Percebi que assim, através da Palavra de Deus, enquanto meditava nela, o meu coração poderia ser levado a uma experiência de comunhão com o Senhor.

Comecei, a partir de então, a meditar no texto do Novo Testamento desde o começo, cedo de manhã. A primeira coisa que eu fiz, depois de pedir em poucas palavras a bênção do Senhor sobre a Sua preciosa Palavra, foi começar a meditar na Palavra de Deus, pesquisando em cada versículo para obter dele uma bênção, não para exercitar o ministério público da Palavra, não para pregar sobre aquilo que eu estava meditando, mas para obter alimento para a minha própria alma.

Descobri que, como resultado disso, invariavelmente logo depois de alguns minutos a minha alma era levada à confissão, ou à ação de graças, ou à intercessão, ou à súplica; de tal modo que, embora eu não tivesse inicialmente me dedicado à oração e sim à meditação, contudo eu era levado quase imediatamente de um jeito ou de outro à oração.

Então, quando eu terminava com a minha súplica, ou intercessão, ou ação de graças ou confissão, eu continuava para os outros versículos, e novamente mergulhava na oração por mim mesmo ou pelos outros, de acordo com o que me guiava a Palavra, mas ainda mantendo diante de mim aquele objetivo da minha meditação, o de obter alimento para a minha alma.

A diferença, então, entre a minha prática anterior e esta atual é isto: antes, quando eu me levantava, eu começava a orar o mais cedo possível, e geralmente gastava quase todo o meu tempo até o café da manhã em oração, ou até todo o tempo. Em todas as ocasiões eu quase invariavelmente começava com oração, a não ser quando eu sentia a minha alma desnutrida, estéril, casos em que eu lia a Palavra de Deus para alimento, ou para refrigério, ou para renovação ou reavivamento do meu homem interior, antes de me entregar à oração propriamente dita.

Mas qual era o resultado disto? Geralmente eu ficava de joelhos quinze minutos, ou meia hora, ou até uma hora, antes de alcançar a consciência de estar recebendo conforto, encorajamento, humildade de espírito, etc., e muitas vezes, depois de ter sofrido com a divagação da minha mente pelos primeiros dez minutos, ou quinze, ou até mesmo meia hora, e então somente aí é que eu começava realmente a orar.

Raramente me acontece isto agora. Com o meu coração alimentado pela verdade, experimentando uma comunhão real com Deus, eu falo com o meu Pai e com meu Amigo (por mais vil que eu seja e indigno disto) acerca das coisas que Ele me trouxe na Sua preciosa Palavra. Muitas vezes eu me admiro agora de que não tenha percebido isto antes.

Pegue esta chave de ouro. Ele o chama. Entre no seu Santo Lugar.


Fonte: Jornal Arauto da Sua Vinda

sábado, 8 de maio de 2010

Jesus em clima de avivamento

Em clima de avivamento, você desencosta Jesus e o coloca acima das tradições, da sua cultura, da sua igreja, dos seus títulos, de seu academicismo, de seus mestres, de seus heróis e gurus.

Em clima de avivamento, você enxerga e deixa Jesus no fundamento, no alicerce, na primeira pedra, na pedra angular, sobre a qual se apóiam os profetas e os apóstolos, sobre a qual você também se apóia.

Em clima de avivamento, você caminha com Jesus até a cruz e morre com ele; você sai da cruz e ressuscita com ele; você ouve a voz de Jesus e o segue; você se liga e permanece ligado a ele tão naturalmente como o ramo de uma videira.

Em clima de avivamento, a cortina começa a se levantar, e Jesus aparece bem nítido e bem próximo diante de seus olhos. Você é capaz de enxergá-lo no princípio mais remoto quando ele estava com Deus e era Deus, quando todas as coisas foram feitas por intermédio dele.

Em clima de avivamento e com a cortina levantada, você contempla tanto a humanidade de Jesus quanto a sua divindade. Diante de seus olhos, Jesus é ao mesmo tempo Filho do homem e Filho de Deus, verdadeiro homem e verdadeiro Deus.

Em clima de avivamento, você é capaz de enxergar Jesus assentado e exaltado à destra do Pai, colocando debaixo de seus pés todos os poderes demoníacos, todas as forças hostis, entre os quais o maior de todos é a morte.

Em clima de avivamento, você se coloca em torno de Jesus Cristo, na certeza de que ele é o centro de tudo, nos céus, na terra e debaixo da terra. A vontade dele passa a prevalecer sobre a sua. Você se nega a si mesmo por causa dele, quantas vezes forem necessárias. Você tem entusiasmo por Jesus e não consegue ficar calado nem com as mãos abanando diante da carência do ser humano e da graça que há em Jesus Cristo.

Essa revolução acontece em clima de avivamento porque é o Espírito da verdade que dá testemunho a respeito da pessoa e obra de Jesus Cristo (Jo 15.26).

fonte: revista Ultimato Novembro-Dezembro 2008

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Evangelize-me

Sou mais animal do que gente
Não sou inteligente
Nunca aprendi a ser sábio
Não conheço o Deus Santo.

Quem subiu aos céus e de lá desceu?
Quem controlou o vento em suas mãos?
Quem prendeu as águas com sua veste?
Quem estabeleceu os limites da terra?

Você sabe quem ele é?
Qual é o seu nome?
E o nome de seu filho?
Apresente-me o pai e o filho!

Quem criou Deus?
Onde ele está?
Ele é uma força ou uma pessoa?

De que lado Deus está?
Da justiça ou da injustiça?
Do oprimido ou do opressor?

Deus se escondeu?
Deus abdicou de seu poder?
Deus está morto?

Deus pode acabar com o mal?
Deus pode acabar com o sofrimento?
Deus pode acabar com a morte?

Deus sabe quem eu sou?
Deus me vê?
Deus se interessa por mim?

Quem sou?
De onde venho?
Para onde vou?

Declare-me não-inocente
Derrube por terra minha defesa
Mostre-me minha culpa.

Deus pode me perdoar?
Deus pode me salvar?
Deus pode me transformar?

Conte-me a velha história!
Com pausa e paciência
Pois quero penetrar
A altura do mistério
Que Deus me pode amar!

Conte-me a velha história!
Fale-me com doçura
Do amado Redentor
A mim que tanto sofro
Por ser um pecador!

Conte-me a velha história!
Fale-me sobre o Natal
Sobre a Sexta-feira da Paixão
Sobre o túmulo vazio
Sobre a ascensão de Jesus.

Conte-me a velha história!
Fale-me sobre a parúsia
Sobre a ressurreição dos mortos
Sobre os novos céus e terra
Sobre a plenitude da salvação!


Nota
As três primeiras estrofes são palavras de Agur, retiradas de Provérbios 30.1-4 (NTLH e NVI). A antepenúltima e a que a antecede são versos do hino “A Velha História”.

fonte: Revista ULTIMATO - Janeiro-Fevereiro 2009

quinta-feira, 25 de março de 2010

Para cima e avante!

C.S. Lewis / As Crônicas de Nárnia

"– Passei por muita grama e muitas flores e encontrei saudáveis e deleitosas árvores de todos os tipos, até que, em um lugarzinho estreito entre dois rochedos, avistei vindo ao meu encontro um enorme Leão. Tinha a velocidade do avestruz e o tamanho do elefante; sua cabeleira era como ouro puro e o brilho de seu olhar como ouro quando arde na fornalha. Era mais temível que a Montanha Ardente de Lagur, e sua beleza superava tudo que há no mundo, mesmo a rosa em botão cuja beleza supera a areia do deserto. Então prostrei-me aos seus pés, pensando: “Esta é certamente a hora da minha morte, pois o Leão (que é digno de toda a honra) bem saberá que, durante toda a minha vida, tenho servido a Tash e não a ele. No entanto, melhor é ver o Leão e depois morrer do que ser Tisroc do mundo inteiro e viver sem nunca havê-lo encontrado.” Porém, o glorioso ser inclinou a cabeça dourada e me tocou a testa com a língua, dizendo: “Filho, sê bem-vindo!” Mas eu repliquei: “Ai de mim, Senhor! Não sou filho teu, mas, sim, um servo de Tash!” “Criança”, continuou ele, “todo o serviço que tens prestado a Tash, eu o considero como serviço prestado a mim.” Então, tão grande era o meu anseio por sabedoria e conhecimento, que venci o temor e resolvi indagar o glorioso ser: “Senhor, é verdade, então, como disse o macaco, que tu e Tash sois um só?” O Leão deu um rugido tão forte que a terra tremeu (sua ira, porém, não era contra mim), dizendo: “É mentira! Não porque ele e eu sejamos um, mas por sermos o oposto um do outro é que tomo para mim os serviços que tens prestado a ele. Pois eu e ele somos tão diferentes, que nenhum serviço que seja vil pode ser prestado a mim, e nada que não seja vil pode ser feito para ele. Portanto, se qualquer homem jurar em nome de Tash e guardar o juramento por amor a sua palavra, na verdade jurou em meu nome, mesmo sem saber, e eu é que o recompensarei. E se algum homem cometer alguma crueldade em meu nome, então, embora tenha pronunciado o nome de Aslam, é a Tash que está servindo, e é Tash quem aceita suas obras. Compreendes isto, filho meu?” Eu respondi: “Senhor, tu sabes o quanto eu compreendo.” E, constrangido pela verdade, acrescentei: “Mesmo assim, tenho aspirado por Tash todos os dias da minha vida.” “Amado”, falou o glorioso ser, “não fora o teu anseio por mim, não terias aspirado tão intensamente, nem por tanto tempo. Pois todos encontram o que realmente procuram.”
– Depois ele soprou sobre mim e fez cessar todo o tremor do meu corpo, firmando-me outra vez sobre os meus pés. Após isso, não disse mais muita coisa, a não ser que voltaríamos a nos encontrar e que eu deveria seguir sempre para a frente e sempre para cima. Então voltou-se como uma tempestuosa rajada de ouro e subitamente desapareceu.
– E desde então, ó reis e damas, ando perambulando à procura dele, e minha felicidade é tão imensa que até me enfraquece como uma ferida. E a maravilha das maravilhas é ter ele me chamado de amado – a mim, que não passo de um cão..."


Diálogo do calormano Elmeth aos reis e rainhas de Nárnia.


As Crônicas de Nárnia, Vol. VII - A Última Batalha. Ed. Martins Fontes, 2002; pág. 92, 93.

quarta-feira, 3 de março de 2010

O amor é filme

Lirinha

O amor é filme
Eu sei pelo cheiro de menta e pipoca que dá quando a gente ama
Eu sei porque eu sei muito bem como a cor da manhã fica
Da felicidade, da dúvida, dor de barriga
É drama, aventura, mentira, comédia romântica


Um belo dia a a gente acorda e hum...
Um filme passou por a gente e parece que já se anunciou o episódio dois
É quando a gente sente o amor se abuletar na gente tudo acabou bem,
Agora o que vem depois

O amor é filme
Eu sei pelo cheiro de menta e pipoca que dá quando a gente ama
Eu sei porque eu sei muito bem como a cor da manhã fica
Da felicidade, da dúvida, dor de barriga
É drama, aventura, mentira, comédia romântica

É quando as emoções viram luz, e sombras e sons, movimentos
E o mundo todo vira nós dois,
Dois corações bandidos
Enquanto uma canção de amor persegue o sentimento
O Zoom in dá ré e sobem os créditos

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Tecendo a manhã

João Cabral de Melo Neto

1


Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.

De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.


2


E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.

A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.


(A Educação pela Pedra)

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Retiro


Faz dez anos que eu vou ao retiro ininterruptamente, desde que me converti (com excessão do 1º ano em que minha mãe não me deixou ir, pois não confiava em mim completamente), no entanto, nesse ano os meus planos eram de não ir, meu sogro está se restabelecendo de uma doença e iríamos ficar com ele ( meu marido e eu). Ficamos em Arraial do Cabo na casa da irmã do meu sogro, no 1º dia o meu sogro revelou a todos nós que iria à Cascata ( o lugar em que nossa igreja se retira), não gostei da ideia, pois tinha feito os meus planos todos para ficar em Arraial. Fomos segunda, dia 15 para Cascata, fomos muito bem recebidos, mal deixei as malas recebi o convite para ir na cachoeira... E assim foi nos outros dias, muita alegria, comunhão, unidade...
Na verdade em Arraial não estava me sentindo integrada; muito samba, axé, muita gente...
Tudo estava entupido, as praias então... Já não sou muito fã de água salgada...
Chegando em Cascata realmente me senti em família... Só quando cheguei em Cascata é que pude perceber o quanto necessito da minha família em Cristo e o quanto eles são importantes para mim... Cada um na sua singularidade...

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

A idade de ser feliz

Mário Quintana

Existe somente uma idade para a gente ser feliz, somente uma época na vida de cada pessoa em que é possível sonhar e fazer planos e ter energia bastante para realizá-los a despeito de todas as dificuldades e obstáculos.
Uma só idade para a gente se encantar com a vida e viver apaixonadamente e desfrutar tudo com toda intensidade sem medo nem culpa de sentir prazer.
(...)
Tempo de entusiasmo e coragem em que todo desafio é mais um convite à luta que a gente enfrenta com toda disposição de tentar algo NOVO, de NOVO e de NOVO, e quantas vezes for preciso.
Essa idade tão fugaz na vida da gente chama-se PRESENTE e tem a duração do instante que passa.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Cruzes existem em abundância: quando a doutrina da cruz será pregada?

Henry Martyn (1805)

O mar estava muito bonito, como se fosse cenário romântico. A cidade lembra Funchal (capital da ilha da Madeira). Nas ruas, homens negros, com visível desagrado, carregavam pipas de madeira, e mulheres negras carregavam peixes, frutos etc. As coisas expostas à venda eram tartarugas, bananas, laranjas, limões, melões, mamões, tamarindos.

Subi a uma elevação e vi um homem parado ao lado do caminho, segurando o pedaço de um prato de prata, de formato oval. Ele recitava algumas palavras sobre Santo Antonio. Alguns dos que passavam beijavam o objeto que ele segurava, enquanto outros apenas tiravam seus chapéus para ele. Tive a impressão de que o próprio homem parecia ridicularizar o ato insensato dos transeuntes em relação ao objeto.

Em certa igreja, a missa estava sendo celebrada. Não era tão esplêndida como as celebradas em Madeira. Muitos dos padres eram negros. Do lado de fora dava para ver toda a bonita baía. Foi quando me lembrei do hino “Oh, tristes morros de escuridão”. Então eu disse para os meus botões: “Que feliz missionário será enviado para proclamar o nome de Jesus a estas regiões ocidentais? Quando será que esta linda terra se libertará da idolatria e do cristianismo espúrio? Cruzes existem em abundância, mas quando a doutrina da cruz será pregada?”.

Continuei meu caminho em busca de um tronco de árvore no qual pudesse me assentar. Finalmente, cheguei a uma magnífica varanda. O portão estava aberto e eu fui entrando. Quando percebi que o caminho me levava a uma casa, virei à esquerda e me encontrei dentro de um pomar. Ao ver que alguns escravos me observavam, resolvi me dirigir à entrada da casa. Lá encontrei um homem muito receptivo. Pouco depois, chegaram um jovem e uma jovem, ambos muito acolhedores. Ao saber que eu havia estudado em Cambridge, o rapaz, que havia sido educado numa universidade portuguesa, tornou-se mais receptivo ainda. Tivemos uma boa conversa e fizemos um bom passeio pela fazenda dele. Conversei com ele em francês e latim. A família me convidou a voltar quando bem o desejasse.

Voltei à fazenda de Antonio José Corre. Ele me recebeu com a mesma cordialidade, ainda que nos tivéssemos conhecido há tão pouco tempo. Provei alguns pratos típicos, vi muitas árvores frutíferas e os escravos trabalhando. Fiz um passeio com ele pela cidade. Visitamos o monastério dos carmelitas. Vi Antonio José fazer o sinal da cruz nele mesmo. Fiquei surpreso, mas não falei nada. Ali me encontrei com um padre. Como era a primeira vez que eu estava na companhia de um sacerdote católico romano, falei com ele em latim. Porém, ele me pareceu embaraçado, vermelho de vergonha, e disse que não falava latim. Fiquei triste por tê-lo colocado sem querer em uma situação difícil.
No quarto em que me hospedei na casa de Antonio José, um escravo lavou meus pés. Fiquei impressionado com o grau de humildade expresso nesse ato. Enquanto ele segurava meus pés na toalha, com sua cabeça inclinada para baixo, eu me lembrei do Senhor e orei: “Que eu tenha a graça de imitar diante de ti a humildade desse escravo”.

Num desses passeios, passamos por uma pequena igreja, cujo terreno era cercado por paredes. Naquela área eram queimados os cadáveres que vinham de um hospital próximo, todos vítimas de uma doença de pele chamada “morfeia”. O que é essa doença, não consegui descobrir. Na igreja, todos os três que estavam comigo fizeram o sinal da cruz em si mesmos. Eu não disse nada. Mas a partir disso, uma conversação começou entre nós, sobretudo porque o senhor José Antonio mencionou a eles minha objeção àquele gesto. O major que nos acompanhava argumentou com muita veemência. Antonio José atuou como intérprete. Baseando-me continuamente nas Escrituras, dei imediatas respostas. O velho major acabou me abraçando à maneira de seu país. José Antonio aproveitou para dizer que, em secreto, para não contrariar o pai, ele orava só a Deus e não aos santos. De minha parte, esperava mais da parte dele: era mais a confissão de uma mente liberal do que de uma mente religiosa.

Logo depois, vimos uma procissão de padres. Dois dos que estavam comigo se ajoelharam até a procissão passar. Como Antonio José disse que “se conformava com os costumes do país em suas coisas não muito significantes”, falei para ele que, se eu tivesse nascido português, preferiria, a exemplo dos reformadores ingleses, ser levado para a prisão ou para a fogueira, em vez de me conformar com a idolatria. Ao mesmo tempo, mencionei para ele a doutrina do “novo nascimento”. Mas ele não parecia prestar muita atenção. Quando Antonio José me perguntou se nossos soldados tinham um ministro para atendê-los em seus últimos momentos de vida, para instruí-los e consolá-los, foi a minha vez de corar de vergonha. Não soube explicar tão grande negligência entre os protestantes.

Nessa mesma ocasião, encontrei-me com um franciscano e me dirigi a ele em latim. A língua não foi embaraço nem para ele nem para mim. A certa altura, pedi a ele que me provasse pelas Escrituras as doutrinas do purgatório e da transubstanciação, bem como as questões das imagens e da supremacia do Papa. Os argumentos dele foram extremamente fracos e o Senhor me deu reposta para cada um deles. Durante nossa conversa, dois ou três outros religiosos do hospital se juntaram a nós e passaram a participar da nossa disputa. Um grande grupo de outros religiosos, passando pelo lado oposto ao nosso, acenou para eles e pediu que encerrassem a discussão, o que eles fizeram levando-me para uma sala mais retirada. Então conversamos muito. Eles pareceram surpresos com meus conhecimentos das Escrituras. Um deles, o que falava francês e também quem melhor falava latim, ficou muito bravo durante a disputa. Era sem dúvida o mais sincero de todos. Eles me perguntaram quando eu poderia voltar, para que me esperassem.

Demorei tanto em terra que perdi o barco de volta para navio. Tive de retornar à casa de Antonio José, onde fui muito bem recebido e onde também me ensinaram algumas palavra em português.

Quando me despedi da casa do senhor português, o pobre escravo Raimundo, que cuidou de mim e carregou minhas malas, começou a chorar. Enquanto eu me ia, ele veio para beijar meus pés. Mas eu lhe dei as mãos e nos despedimos de mãos dadas. Fui embora muito impressionado com a gentileza de pessoas para as quais eu era um completo estranho apenas poucos dias atrás. Sou agradecido a Deus por essa tão grande misericórdia.

Em meu caminho, encontrei um jovem padre franciscano com o qual conversei em latim. Quando eu lhe disse que em nenhuma parte das Escrituras era dito que se deveria adorar a Virgem, ele ficou vermelho e falou em voz baixa: “Verum est”.

No monastério, voltei a me encontrar com os mesmos quatro religiosos com os quais eu havia tido uma longa conversa. Depois de me dar guloseimas para comer, retomamos a disputa anterior. Eles tinham queixas de mim e eu deles. Fui embora dali muito triste ao ver como o evangelho pode ter tão pouco ou até mesmo nenhum efeito sobre eles. Este sentimento de tristeza não diminuiu quando eu cheguei no navio. Os tripulantes muçulmanos, vestidos em branco, cantavam hinos em honra a Maomé para comemorar a Hégira (a viagem de Maomé de Meca a Medina, no ano 622 depois de Cristo). Aqui estava outra abominação.

Um deles assentou-se ao meu lado e tivemos uma longe conversa. Depois, fui embora e clamei a Deus que interferisse em favor de seu evangelho.

No curso de uma hora, eu havia visto três chocantes exemplos do reino e poder de Satanás, na religião do papa, de Maomé e do próprio homem. Nunca antes eu havia percebido o quanto eu não era nada. Todos os meus claros argumentos não servem para nada. A menos que o Senhor estenda suas mãos, eu falo para pedras. O que eu senti, no entanto, não foi desencorajamento; simplesmente vi a necessidade da dependência de Deus!


(Adaptado de “Life and Letters of the Rev. Henry Martyn”, de John Sargent, publicado em Londres em 1862)


Fonte: Ultimato Janeiro/Fevereiro 2010

Henry Martyn

"Em novembro de 1805(...)um navio de bandeira inglesa que estava de viagem para a Índia pela mesma rota de Pedro Álvares Cabral aportou em Salvador por quinze dias. Um dos passageiros, de 24 anos, formado em matemática em Cambridge e ordenado ministro anglicano três anos antes, desceu do navio e foi conhecer a terra ensolarada que estava à sua frente. Chamava-se Henry Martyn e, à semelhança dos franciscanos que vieram com Cabral, ia para a Índia na qualidade de missionário.
Em terra, o jovem se encontrou com pessoas importantes e alguns sacerdotes católicos, com os quais conversou em francês e latim. Certo dia, foi parar na casa de um senhor de escravos muito educado, cujo filho, Antonio José, havia estudado numa universidade portuguesa. Por terem ambos formação superior, Martyn na Inglaterra, e Antônio em Portugal, os dois tinham muita coisa em comum e fizeram vários passeios juntos. A essa altura, Salvador, a antiga capital do Brasil, tinha 45 mil habitantes e muitas igrejas já haviam sido construídas.(...)Desde que havia deixado a Inglaterra, quatro meses antes (17 de julho de 1805), Henry Martyn anotava num diário todas as suas impressões de viagem. No dia 12 de novembro, ele escreveu algo que pode ser interpretado como um dos mais bem escritos e substanciosos desafios missionários: “Que feliz missionário será enviado para proclamar o nome de Jesus a estas regiões ocidentais? Quando será que esta linda terra se libertará da idolatria e do cristianismo espúrio? Cruzes existem em abundância, mas quando a doutrina da cruz será pregada?”.(...)
Depois de levantar âncoras da Baía de Todos os Santos, o navio em que Martyn estava gastou mais seis meses para chegar a Calcutá, ao nordeste da Índia (21 de abril de 1806). Se havia idolatria na Bahia, na Índia, a terra de milhares de deuses, a coisa era incomparavelmente pior. Ao ver homens e mulheres se prostrarem diante de uma imagem escabrosa, o expansivo Martyn anotou no celebre diário: “Eu tremi, como se estivesse de pé nas redondezas do inferno”. Além de ministrar para soldados e residentes ingleses em Calcutá, Dinapore e Cawmpore, por quatro anos e meio, Martyn pregava fluentemente no dialeto hindustani para os nativos. Sua pregação era tão atraente que ele costumava ter 800 pessoas em seus auditórios. Por causa de sua extraordinária capacidade linguística, em menos de um ano o jovem capelão traduziu para o hindustani (fevereiro de 1807) parte do “Livro de Oração Comum”, dos anglicanos, e o “Comentário sobre as Parábolas”. No ano seguinte, completou a versão do Novo Testamento (março de 1808). Pouco depois, apesar de doente, Martyn fez uma revisão da versão persa do Novo Testamento (fevereiro de 1812). Seu último trabalho foi a tradução dos Salmos para o persa. O agravamento de seu estado de saúde impediu que Martyn entregasse pessoalmente ao rei da Pérsia (hoje Irã) um exemplar do Novo Testamento em sua língua, o que foi feito por Sir Gore Onseley, o ministro britânico. Embora não desejasse voltar à pátria por causa de seu trabalho, Martyn foi obrigado a mudar de ideia para tentar se curar de uma tuberculose. Porém, não conseguiu chegar até a Inglaterra. Depois de viajar cerca de 2.400 quilômetros a cavalo, da Pérsia à Turquia, o rapaz de 31 anos morreu em Tocat, na Turquia Asiática, no meio de desconhecidos (16 de outubro de 1812). Em 1823, onze anos depois, um inglês residente em Bagdá erigiu um monumento sobre o túmulo de Martyn com os seguintes dizeres: “Ao rev. Henry Martyn, um pastor e missionário inglês, servo piedoso, versado e fiel, que, voltando à sua terra natal, o Senhor o chamou para sua alegria eterna”.
Porque a moça com a qual desejava casar (Lydia Grenfield) era uma inglesinha indecisa que não lhe dizia sim nem não, Henry Martyn viveu e morreu solteiro."

Fonte adaptada: Ultimato Janeiro/Fevereiro 2010

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Cléo. Desié. Aghatha. Aline...

Em nossas vidas pessoas passam... Tive amigas que ficaram/ficarão indelevelmente em minha memória: Cléo, Desié, Aghatha e Aline. Cada uma esteve presente em um momento singular de minha vida: infância, pré-adolescência e adolescência. SEMPRE penso nelas, sou um pouco fechada para falar de meus sentimentos, tenho colegas, mas até o momento não reencontrei amizade feminina como a de cada uma delas...
Com a Cléo fiz 1ª comunhão, íamos juntas para a catequese, depois passava a tarde na casa dela brincando de elástico, piques, etc. Depois fiz amizade com a Desié que era da minha sala e morava perto da minha casa, também vivia na casa dela, pré-adolescentes, o nosso papo era sobre meninos, namoro... Quando mudei de colégio era para a Desié mudar comigo, mas ela não foi, fui estudar num colégio particular totalmente diferente do meu mundo. Conheci a Aghatha, quando a vi pensei que era maluca... Depois comprovei que era verdade... Com ela conheci o mundo da contracultura, gente doida, vida maluca... Também vivia na casa dela, só que agora era mais longe, morava no Cubango e ela em Maria Paula... Nosso papo era sobre viagens, música, meninos, amor... Aghatha repetiu de série e depois saiu do colégio, nos víamos raramente... Conheci a Aline no colégio, no princípio a achei metida, depois viramos grandes amigas, minha vida começou a ter novos rumos, num certo dia me ajoelhei na frente da Aline, na sala de aula e disse que queria também ser evangélica... Nosso papo era sobre nova vida, princípios, Deus, amor...
Escrevo isso pois ontem reencontrei a Aghatha no Bay Market, depois de 10 anos, o que me fez refletir sobre amizade...

Cada uma me ajudou a ser quem eu sou hoje...
Sou grata a vocês...
Oro para que sejam felizes e que tenham, a seu modo, experiências com o meu melhor amigo...

Franci

sábado, 9 de janeiro de 2010

Apocalipse Now

Gravado originalmente pelo grupo Katsbarnea em 1989. "Katsbarnea também datilografado "Katsbarnéa", e abreviado de KATS. é uma banda brasileira de rock cristão, blues, e psícodélismo. A banda surgiu em São Paulo em Janeiro de 1988, em meio à efervescência do rock de protesto no Brasil. Suas letras e estética musical romperam com a estrutura até então vigente no cenário cristão, trazendo à tona temas como uso de drogas, desequilíbrio ecológico, abuso do álcool, violência e desigualdade econômica. época prolífera para bandas de Rock, mas nem tanto para o Rock Cristão." fonte: Wikipédia
Sendo depois regravado pelo Resgate...


Compositor(es): Estevam Hernandes e B.Simion



Um dia sentado meditando
Procurando respostas
Pra essa grande piração
Morte, guerra, destruição
AIDS, câncer, solidão
Seu eu fosse você não iria dormir tão cedo
Porque eu não sei se você vai
Acordar no horário marcado

Dois numa cama, um será levado
No céu haverá aviões desgovernados
E pilotos também arrebatados
Na terra grande confusão
O que será que a todos engoliu?
O padeiro, a secretária, o motorista, o jornalista
O executivo e as crianças sumiram, sumiram

Na esquina do pecado o assunto então mudou
Todos confusos se perguntam
Onde estão os caretas malucos
Que contavam uma nova história
Que contavam uma nova história
Dizendo que o Filho do Homem viria para levá-los
A um outro lugar

No ouvido um grande alarido
Sinto a orquestra celestial
As trombetas fortes soaram
A ordem da volta foi selada
Os cavaleiros do apocalipse
Preparam sua montaria
A grande batalha, sinto, vai começar
A hora do mal a gente ve acabar
O fim está chegando e a mensagem foi passada
Olhe os sinais, pense que a chance foi lhe dada
Levante a mão e no fim comece o início
De uma nova vida



sábado, 2 de janeiro de 2010

Cristianismo Celta

Carlos Caldas

(...) O cristianismo conhecido como “celta” floresceu na Irlanda, na Escócia, no País de Gales e mesmo em partes da Inglaterra, grosso modo, do quarto ao décimo séculos. São conhecidos os nomes de missionários celtas como Patrício, Columba e Columbano, que evangelizaram o norte das Ilhas Britânicas e vastas partes do continente europeu. Mas o cristianismo celta floresceu, humanamente falando, não apenas devido ao trabalho dos missionários mais conhecidos, mas também devido ao esforço de incontáveis anônimos, pessoas sinceras em sua fé, que viviam o cristianismo com “alegria e singeleza de coração”. Foi um cristianismo que desenvolveu características próprias, que o tornavam distinto do cristianismo de inspiração romana que florescia na Europa continental no mesmo período. O cristianismo celta tinha muitas características notáveis. Entre tantas, destaca-se aqui apenas a que interessa diretamente aos propósitos desta breve reflexão: um modelo de espiritualidade centrado na criação.

Os celtas desenvolveram uma teologia que enfatizava uma visão de Deus como Senhor da criação. Ainda que não haja nada de original nesta perspectiva — os cristãos celtas não foram os inventores desta teologia —, não se pode deixar de mencionar que há diversas implicações práticas dessa visão. Uma dessas conseqüências é exatamente ter uma atitude constante de júbilo e regozijo na criação, que revela Deus. Como os celtas eram um povo com forte inclinação à poesia, produziram muitas poesias comoventes, louvando a Deus pela obra da criação. Um poema datado do século nono, escrito na antiga língua do País de Gales, tem início com as seguintes palavras:

Todo Poderoso Criador, que fizeste todas as coisas;

O mundo não pode expressar toda a tua glória,

Ainda que a grama e as árvores possam cantar.

Outro poema escrito no século oitavo, na antiga língua irlandesa, declara:

Somente um tolo não seria capaz de louvar a Deus pelo seu poder,

Quando as pequeninas aves incapazes de pensar

O louvam com seu vôo.1

Estes versos expressam o lugar de destaque que a natureza ocupava na maneira como os cristãos celtas antigos viam a vida e pensavam sua relação com Deus. A visão da criação como reveladora de Deus está profundamente enraizada na Bíblia. Os fragmentos poéticos citados revelam influência de textos bíblicos como Salmos 98.7-8 ou Isaías 55.12. De fato, muito da poesia e das orações daqueles cristãos denotam influência da visão bíblica a respeito da natureza. Textos como o de Salmos 19.1eram particularmente queridos pelos cristãos celtas. Para eles, o mundo criado é uma teofania, isto é, uma manifestação de Deus. Nesse sentido, deve-se observar que os celtas contrastavam com os cristãos do mesmo período na Europa continental — enquanto estes tinham sua vivência de espiritualidade na escuridão de seus conventos, aqueles viviam uma espiritualidade ao ar livre, em meio à natureza. Não se importavam com o frio tão característico das Ilhas Britânicas! Antes, regozijavam-se no Senhor pelo cenário de deslumbrantes belezas naturais daquelas ilhas. No continente europeu prevaleceu uma visão influenciada pela antiga filosofia platônica, que via as coisas materiais como sendo inferiores às espirituais — nada mais distante do pensamento celta! Aliás, nada mais distante do pensamento bíblico!

Outro aspecto admirável da teologia desenvolvida pelos cristãos celtas é a sua concepção da soteriologia, isto é, da doutrina da salvação. Eles criam firmemente em Jesus Cristo, o Filho de Deus, que morreu na cruz para a salvação e libertação de todo aquele que crer. A cruz celta, que era esculpida em pedra, tornou-se uma figura conhecida em praticamente todo o mundo. As características básicas da cruz celta são: ter o braço horizontal tão largo quanto a sua base vertical, e ser circundada por um círculo, que provavelmente representa uma visão unificada das obras da criação e da redenção. Há também o aspecto de que tanto o poste como a trave da cruz celta são marcados por figuras esculpidas. Em muitas dessas cruzes há representações de animais. Desse modo, aqueles cristãos representavam esteticamente sua leitura de Romanos 8.19-23, que afirma a globalidade da obra de Cristo Jesus na cruz. Tal obra tem efeitos salvíficos para o povo de Deus e para o restante da obra das mãos de Deus, suas criaturas não-humanas. Os cristãos celtas demonstravam, dessa maneira, uma sofisticada teologia, holística em sua maneira de encarar a criação e a redenção. Assim, o cristão celta da Idade Média ficaria horrorizado se pudesse viajar no tempo e ver a destruição desenfreada da natureza que acontece em nosso tempo.

Há relatos documentais impressionantes de antigos santos celtas que tinham um relacionamento todo especial com os animais, criaturas não-humanas de Deus. Talvez alguns desses relatos sejam exagerados, mas mesmo assim deixam claro que eles levavam a sério, no sentido literal, a expressão “não fazer mal a uma mosca”. Columbano, por exemplo, chegou a afirmar: “Entenda a criação se desejas conhecer o Criador... pois aqueles que desejam conhecer as grandes profundidades precisam primeiro perceber o mundo natural”. Ian Bradley, professor de teologia prática e história da Igreja na Faculdade de Teologia da Universidade de Saint Andrews, na Escócia, afirma que esses relatos demonstram que os celtas se relacionavam com os animais no mesmo estilo de Jesus. Marcos afirma que Jesus estava com animais selvagens no deserto, mas eles não o feriam (não há como ler Marcos 1.13 e não se lembrar de passagens como Gênesis 2 ou Isaías 11.6-8). Neste sentido, o cristianismo celta antecipa em séculos uma ênfase que só viria ser encontrada em Francisco de Assis, tido em nossos dias como “patrono” do movimento ecológico. Bradley afirma também que há comprovação de que Francisco visitou uma comunidade monástica em Bobbio, na Itália. Essa comunidade (assim como outras nas vizinhanças de Assis) fora fundada pelo próprio Columbano. Bradley defende a teoria de que, nesses mosteiros de origem irlandesa, Francisco aprendeu o amor à natureza, que o tornou tão conhecido.

Portanto, dos cristãos celtas medievais podemos aprender a ver a natureza com espírito de alegria, gratidão e louvor a Deus. Aprendemos com eles a ter uma espiritualidade que não é descolada nem deslocada da criação.

“Voltar ao passado é progredir”; no que diz respeito à prática da espiritualidade centrada na criação, este provérbio é absolutamente verdadeiro e necessário para o nosso tempo.



Nota

1. Os versos citados e as referências a Bradley foram extraídos do livro The Celtic Way, de Ian Bradley (London: Darton, Longman & Todd, 2003).



Carlos Caldas é pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil. Leciona na Escola Superior de Teologia e no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Universidade Presbiteriana Mackenzie em São Paulo.

Fonte: Revista Ultimato / Jubileu da Terra - Espiritualidade

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Ouça bem, escute bem!

Hoje assistindo ao Chaves ouvi uma música da turma do chaves que eu não me lembrava mais...



"Ouça bem, Escute bem
Pois ele quer amigos
Ouça bem, escute bem
Pois ele quer você
Ouça amigo
Ouça bem o que lhe digo
A felicidade é ter Jesus
Um companheiro que será sempre sincero
Não há quem seja como Jesus
Ouça bem, Escute bem
Pois ele quer amigos
Ouça bem, escute bem
Pois ele quer você
Ouça bem, Escute bem
Pois ele quer amigos
Ouça bem, escute bem
Pois ele quer você
Triste de verdade
É perder uma amizade
Mas sabe na tristeza
Chame Jesus
Porque ele não deixa
Sem resposta qualquer queixa
Não há quem seja como Jesus
Ouça bem, Escute bem
Pois ele quer amigos
Ouça bem, escute bem
Pois ele quer você
Ouça bem, Escute bem
Pois ele quer amigos
Ouça bem,, escute bem
Pois ele quer você
Lá, lá ,lá lá lá lá lá lá lá..."

Turma do Chaves